O OBSERVATÓRIO


"Que tipos de criaturas fantásticas podem surgir em nosso mundo, vindas de portas abertas entre dimensões paralelas, do além, ou trazidas por estranhas neblinas?"

O Relato a seguir descreve esse tipo de acontecimento!

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Olá, meu nome é Felipe, e vou contar aqui um caso que aconteceu comigo e com meu primo Anderson quando éramos adolescentes.
Observo que a história que vou contar é verídica. Tudo aconteceu conforme será relatado.

Era o ano de 1973, e nessa época minha família costumava passar as férias de Julho na casa dos meus tios que moravam em Piedade do Rio Grande [Coordenadas GPS: Latitude / Longitude = 21°28'2.40"S. 44°11'42.93"W], que é uma cidadezinha minúscula no Sul do Estado de Minas Gerais.
Meus tios tinham uma bela chácara nesse local, onde nós nos divertíamos muito quando íamos para lá, pois existiram muitas matas para serem exploradas, lagos, cavalos e muita diversão.
Geralmente quando íamos para lá, também iam meus outros tios com meu primo Anderson, e eu gostava muito devido à termos a mesma idade e nos darmos muito bem.

Eu e meu primo sempre gostamos de mistérios e histórias sobrenaturais de fantasmas e lendas em geral.
Naquela época não existia DVD, Video Game e coisas modernas de hoje em dia, então uma de nossas diversões também era a de assistir filmes de terror quando passavam na TV, mesmo ficando morrendo de medo.
A chácara dos meus tios era meio afastada da cidade, bem no meio do mato.
O lugar era montanhoso, e quando chovia os trovões faziam um barulho muito grande, talvez devido às montanhas que existiam em volta.
Também no inverno a neblina era muito forte, formando uma manto que não permitia se enxergar, dependendo do dia, a mais de uns 3 metros de distância, de tão densa que era.

O que chamava muito nossa atenção quando íamos para lá, era as histórias e lendas da região que meu tio contava para nós.
Tinha uma em especial que nos dava muito medo. Era sobre estranhas criaturas que apareciam tarde da noite em uma determinada região próxima, principalmente quando tinha neblina.
Meu tio contava que em noites com neblina densa, naquela região, pessoas relatavam que avistavam estranhas criaturas surgirem como vultos saindo da neblina, fazendo um barulho estranho como grunhidos, e perseguindo aqueles que estivessem próximos.
Devido à essa história, ninguém se arriscava a sair por ali a noite, principalmente quando havia neblina.
Naturalmente eu e meu primo Anderson ficamos ligados nessa história e estávamos a fim de investigar (coisa de moleque, claro).

Perto da chácara dos meus tios, existia uma outra chácara com uma casinha, a qual estava abandonada à anos, e ela ficava bem ao lado de uma estradinha sem movimento, mais no alto, em sentido à montanha que tinha na região.
Essa casinha deveria ser algum tipo de local para guardar ferramentas e outras coisas, pois não tinha aparência de moradia, e estava bem velha.
Ela tinha, o que deveria ser o cômodo principal com mais ou menos uns 8 x 8 m e um banheiro ao lado, só isso.
Então eu e o Anderson começamos a bolar um plano. Nós estávamos planejando limpar essa casinha, consertar a porta e a janela, e passar uma noite lá, pois ela era ao lado da estradinha sinistra, e como era inverno, sempre tinha neblina à noite e pela manhã.
Seria o local ideal para investigar a lenda das aparições que surgiam com a neblina.
Nós poderíamos ficar trancados lá dentro, e observar o que acontecia pela fresta da janela. Seria o nosso observatório, e também seria o máximo para nós (que idéía.....).

Conversamos com nossos pais, e eles não gostaram muito, mas acabaram deixando, pois não viram perigo por ficarmos dentro do quartinho, e com a porta e janela trancadas.
Então mãos a obra. Passamos o outro dia limpando a casinha e meu tio ajudou a consertar a porta e a janela. Estava tudo perfeito.
Instalamos uns lampiões dentro do quartinho e colocamos três lamparinas a querosene que meu tio tinha, pendurados do lado de fora, só para iluminar um pouco, uma mais perto e outra mais longe, pois como não atinha energia elétrica, era um breu só.
Chegando no final da tardezinha, pegamos colchonetes, cobertores, travesseiros, lanternas e alguns jogos para passar o tempo e fomos para a casinha.
Quando chegamos lá já estava meio escuro, e um frio danado.
Entramos, acendemos os lampiões e naturalmente trancamos a porta, pois nem tinha começado, e já estávamos com medo.

Como não era tão tarde ainda, jogamos um pouco para passar o tempo.
Quando chegou umas 22:00' começamos à observar pela fresta da janela, e também de vez em quando dávamos um abridinha na porta de leve para ver se tinha algo diferente lá fora. Não havia nada, além de uma nebina densa que não dava para enxergar nada.
Dava para ver o brilho das lamparinas do lado de fora no meio da neblina, mas nem o mato a gente exergava.
Ficamos ali um bom tempo, e nada. Achávamos que não tinha adiantado nada nossa aventura.
Quando era mais ou menos umas 23:30' ouvimos alguns barulhos do lado de fora, na direção da estradinha que passava raspando na casinha.
Então ficamos de olho. Observamos onde pudíamos, e o Anderson até abriu um pouco a porta para ver melhor, e eu fiquei bravo e mandei fechar, pois estava com medo de algo entrar naquele momento (nessas horas a gente fica imaginando de tudo).

Prestando a atenção, verifiamos que o barulho vinha na direção da estradinha. Parecia algo raspando ou arrastando, não dava para entender direito.
Naquele momento, vimos que algo passou perto da lamparina que ficou mais longe, pois foi como se algo tampasse momentaneamente a sua pequena luz.
Eu e o Anderson já estávamos tremento de medo essa hora.
Passados alguns minutos, ouvimos o mesmo barulho mais perto da casinha, como se estivesse se aproximando.
Nem preciso dizer que estávamos "travados" essa hora.
Então eu fui dar mais uma olhada pela fresta da janela para ver se havia algo.
A janela estava fechada, e tinha uma fresta no alto, onde nós observávamos o lado de fora.

Nesse momento, qual foi minha surpresa, susto e terror, quando eu subi eu fui olhar na fresta da janela, e vi dois olhos vermelhos como fogo olhando de perto e diretamente na fresta, como se estivesse esperando alguém chegar a li para dar uma espiada.
Era como se soubesse que estávamos lá e que estávamos observando o lado de fora justamente daquela pequena fresta.
E essa fresta da janela era meio escondida, não dava para saber que tinha alguém ali olhando.
Quando vi aquilo eu dei um grito e pulei, caindo para trás.
O Anderson perguntou o que foi e eu contei o que havia visto, e ele ficou apavorado.
Nós não sabíamos o que fazer, e foi quando para piorar, algo começou a dar murros na porta, tipo forçando para entrar.

Nisso o Anderson começou a chorar e eu também. Ficamos desesperados.
Ainda bem que meu tio tinha colocado uma tranca reforçada por dentro para travar a porta.
Seja lá o que tinha lá fora, batia com tanta força na porta, que saia até poeira da parede. Pensávamos que aquilo iria derrubar a porta.
Nós estávamos desesperados lá dentro. Não havia por onde fugir. Se saíssemos pela janela não sabíamos o que nos esperaria lá fora, então o que restou foi ficar alí e rezar.
Aquelas batidas na porta duraram alguns minutos e em seguida pararam.
Em seguida começou na janela, mesmo ela sendo mais alta.
Ficamos ali naquela cena de horror chorando os dois.

Depois de algum tempo as batidas pararam e escutamos o barulho de "arrastar" se afastando e veio o silêncio.
Ficamos ali aguardando e depois de um tempo eu, com muito medo, dei mais uma olhada pela fresta da janela, e graças a Deus não havia mais nada lá.
Ficamos atentos para ver se "aquilo" voltaria, mas graças a Deus isso não aconteceu.
Foi ficando mais tarde, e não sei que horas, acabamos pegando no sono.
Quando chegou de manhã, demos mais uma olhada, e devagarinho abrimos a porta e saímos sorrateiros para observar, e não havia nada de anormal.
Então arrumamos nossas coisas e saímos praticamente correndo de lá para voltar à chácara dos meus tios.
Chegando lá, contamos o que tinha acontecido, e todos ficaram espantados, meio quenão acreditando.
Então meus tios resolveram ir conosco lá na casinha para ver se achavam alguma marca ou pista do que poderia ter acontecido.

Chegando lá, todos começaram a procurar algo estranho, e foi quando meu tio observou perto da janela, onde havia barro umas marcas de pisadas estranhas, como se algum tipo de animal tivesse pisado ali.
Pareciam marcas de pés de lagarto com aquelas patas que tem uma membrana entre os dedos, e eram bem grandes, mais ou menos do tamanho de pés humanos.
Meus tios se espantaram e ficaram assustados, pois não conheciam aquele tipo de pegada, e nunca tinham visto algo iqual.
Também na porta e na janela havia marcas de que algo havia dados socos ou batidas.
Pena que não tiramos fotos para mostrar, pois naquela época não existia a facilidade de tirar fotografia que tem nos dias de hoje.
Quando todos viram aquelas pegadas, ficaram espantados e acabaram acreditando na gente.

Nós até os dias de hoje não sabemos o que eram aquelas coisas que surgiram à noite e sabiam exatamente onde estávamos e onde estávamos observando, e também não sabemos se foi a neblina que trouxe aquelas "coisas", e nem o que elas queriam, mas é melhor nem saber, pois o preço poderia ter sido alto.
Depois desse dia nós nunca mais duvidamos de lendas, histórias e do sobrenatural, pois vivemos nossa própria experiência, e foi terrível.

Por isso, se algum dia vocês desejarem observar algo anormal, algum fenômeno sobrenatural ou estranho, cuidado, pois as coisas poderão se inverter, e quem poderá estar sendo observado, será você.




Felipe Gonçalves - Belo Horizonte - MG - Brasil